Paragem 43

Rui Mendes e Luís Neves na Paragem 43. Foto: Turismo Centro de Portugal

“Saturado de andar com o saco às costas”, Rui Mendes decidiu voltar à casa de partida e assentar arrais em Alvôco das Várzeas, sua terra natal. 

Enquanto encarregado da construção civil, andou durante anos pelo mundo a fazer autoestradas. De Angola e da Guiné Equatorial trouxe um pé-de-meia que lhe permitiu comprar o espaço onde, desde 2019, gere uma casa de petiscos e refeições. Rui, a mulher Matilde e a filha Patrícia são uma equipa. 

A Paragem 43 fica à beira da estrada, com vista para a várzea nas margens do Rio Alvôco, afluente do Alva. Nesses terrenos férteis, Rui ainda cultiva feijão, batata, favas, nabos e vinha.

De uma forma ou de outra, tudo vai parar à mesa do restaurante. Serve pratos diários a preços económicos e aposta nos petiscos. Tábua de grelhados, punheta de bacalhau, chouriço, alheira e moelas. Durante a pandemia criou um quiosque para vender ao postigo bifanas, cachorros, frango de churrasco e kebab. O confinamento passou, mas o quiosque ficou. Em dias especiais, também serve pratos regionais, como o cabrito e a chanfana de ovelha. Um regalo. 

Em boa hora Rui se cansou da construção civil e encontrou na Paragem 43 o seu ganha-pão e uma vida familiar estável. Mas quando é preciso, ainda faz o gosto ao dedo e arrisca nas obras de melhoria do espaço. A marcenaria é disso exemplo. Os bancos corridos e as mesas da sala de refeições foram talhados por si à medida e montados numa engenhosa solução basculante que permite levantá-los e prendê-los à parede, caso seja necessário ganhar espaço na sala para dispor mais mesas. Quem sabe, sabe. 

Rui Mendes explica como desenhou e executou as mesas e cadeiras. Foto: Luís Neves

A Paragem 43 é um porto de abrigo de locais e de viajantes. Depois de horas de curvas e contracurvas nas estradas da serra, ali para os lados de Oliveira do Hospital, o Rui, a Matilde e a Patrícia recebem-nos de braços abertos, com comida caseira, feita com produtos locais e sempre com boas histórias para alimentar também a conversa.   

De saída, já com vontade de voltar, ainda brindamos com jeropiga, produzida pela família a partir de uvas da casta Fernão Pires criadas à beira do Alvôco.   

De papo e almas cheios, ainda inspirados pela jeropiga, escrevemos este texto a dois passos da Paragem 43, na Cooperativa Cowork @ Aldeias de Montanha. Um espaço comunitário confortável, com design contempâneo pensado para ter o mínimo de pegada ecológica.  

NOTA. Os Gastronautas estiveram em Alvôco das Várzeas a convite do Turismo Centro de Portugal.

Previous
Previous

Papas há muitas, então no Alkimya ...

Next
Next

Aromáticas de uma nota só